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15/04/2019

Fabricantes de motos revisam para cima projeções para 2019

O crescimento de produção e vendas de motos no primeiro trimestre levou a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) a rever as projeções para 2019. Entre janeiro e março foram montadas 276,8 mil motos no Polo Industrial de Manaus, alta de 6,6% sobre o mesmo período de 2018. Também na comparação anual, as vendas no atacado subiram 15,7%, para 270,6 mil unidades, e os emplacamentos cresceram 17,9%, somando 258,6 mil motos em todo o país.

Com exceção das exportações, que foram revistas para baixo, todos os outros indicadores passaram a apontar uma expectativa de desempenho melhor no ano. A estimativa de crescimento da produção em 2019 subiu de 4,2% para 6,1%, somando 1,1 milhão de motos. As vendas no atacado devem crescer 10,7%, para 1,06 milhão de unidades, contra 7,7% projetado inicialmente. A nova estimativa para os emplacamento é de alta de 8,5%, contra 6,2% anteriormente, com 1,02 milhão de motos licenciadas.

As exportações continuam caindo por conta da crise na Argentina. No início do ano a previsão era de uma queda de 28%, agora passou para 41,2%. No total, devem ser embarcadas no ano apenas 40 mil motos, contra 68 mil em 2018.

A conjunção de vários fatores explica esse bom momento no mercado interno. Em março, a média diária de venda chegou a 4,4 mil unidades, o melhor para este mês desde 2015. Os bancos estão oferecendo mais crédito ao consumidor, depois de um período no qual os bancos das montadoras tiveram de arcar com mais da metade dos financiamentos. Hoje, os bancos privados já respondem por cerca de 60% das vendas a prazo, modalidade que representa 34% do total dos negócios. O consórcio responde por 29% das vendas e a compra à vista, por 35%.

Os juros também têm ajudado. Segundo Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, as taxas estão no menor patamar histórico. Para as motos de menor cilindrada, cerca de metade do mercado, as taxas variam de 1,5% a 2,0% ao mês. Outro fator que impulsionou o setor no primeiro trimestre foram os consórcios vendidos nos últimos meses, modalidade muito forte principalmente no Nordeste.
"Mas tudo isso tem sentido porque o consumidor voltou a ter confiança. Mais do que a economia real, a expectativa do consumidor tem importância. Principalmente o consumidor de baixa renda. Ele tem de ter a convicção de que a renda será mantida para assumir financiamento de médio ou longo prazo", afirma Fermanian."É preciso esperar que as reformas sejam realmente implementadas para movimentar a economia. Por enquanto trabalhamos no âmbito das expectativas", diz.

Mesmo com a projeção de 1,1 milhão de unidades para 2019, o mercado ainda está muito abaixo do que foi registrado em 2008 (2,3 milhões) ou 2011 (2,1 milhões). A produção neste ano, na verdade, remonta a 2004. Para Fermanian, todo o setor - fornecedores de peças, montadoras e concessionárias - está ajustado hoje para um nível de produção pouco acima de um milhão de unidades e depois de quatro anos seguidos de queda, entre 2014 e 2017, as empresas estão tendo cuidado em elevar encomendas e contratações.

O setor chegou a empregar mais de 20 mil pessoas em 2011. Com a crise, reduziu para 12,1 mil empregados em 2017. Voltou a contratar em 2018 e continuou neste ano, mas não deve ter atingido ainda as 13 mil vagas de 2016. Com isso o setor tem conseguido elevar a produtividade, que em 2018 estava em 88 unidades ano por trabalhador. "As empresas seguraram as demissões durante a crise, esperando uma retomada que não veio. É natural que agora sejam mais cautelosas no momento de voltar a contratar", afirma o presidente da Abraciclo.

O Carnaval em março neste ano prejudicou o balanço final do mês passado. Segundo números divulgados ontem, a produção de 91,5 mil motos em março foi 9,6% menor do que em fevereiro e 3,3% inferior ao mesmo mês de 2018. As vendas para o atacado somaram 93,5 mil unidades, alta de 2% sobre fevereiro e de 7,2% sobre março do ano passado. Os emplacamentos somaram 83,8 mil motos em março, queda de 0,4% sobre fevereiro e alta de 5,6% na comparação anual.

Fonte: Valor Econômico