SINCODIV-RS - FENABRAVE

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09/08/2019

Cenário Agrícola e o crescimento das vendas de pesados

Três questões podem trazer crescimento para o setor de pesados no segundo semestre: guerra comercial entre EUA e China, Peste Suína Africana na China e Tabela de Frete. Este foi o raciocínio do palestrante Alexandre Mendonça de Barros engenheiro agrônomo e professor com doutorado em Ciências Econômicas, com ênfase em Crescimento e Desenvolvimento durante o Congresso Fenabrave.

O comércio mundial agrícola mudou muito. Na década de 90 o Japão era o maior país em déficit comercial, cerca de 50 bilhões de dólares. Na época o Brasil voltava suas exportações para a Europa adequando produção e exigências internacionais. Em 1990, os Estados Unidos tinha um superávit de US$19 bilhões e o Brasil de US$7 bilhões.

Guerra Comercial - Em 2017 a China se transforma no maior déficit com 105 bilhões de dólares e neste momento a Europa deixa de ser o foco consumidor para o Brasil que contabiliza 76 bilhões de dólares de superávit. Em 2017 os EUA exportava para a China US$36 milhões em soja, com a guerra comercial entre os dois países em 2018 exportou US$9 milhões e a China comprou US$70 milhões em soja do Brasil. Este ano, a probabilidade de repetição dessa cifras é grande, além disso, 2019 será o ano de maior exportação de milho, cerca de 37 milhões, no ano passado foi 25 milhões, o que deve auxiliar o mercado de caminhões a vender mais, visto que, são produtos que contam com a logística terrestre até o porto.

Peste Suína - A carne suína é a carne mais consumida no mundo – cerca de 114-115 milhões de toneladas. Esse gigantismo se deve a um país: a China, que produz 54 milhões de toneladas de toneladas, ou seja, metade do rebanho suíno do mundo está na China. Alexandre explicou que o quadro, além de chacoalhar o mundo, levou a China a consumir menos suínos. “Em algum momento, esse consumo irá retornar. A população vai entender que a doença não afeta os seres humanos. E, com isso, vamos voltar a exportar mais soja. Infelizmente, não há vacina ou droga para controle da doença – apenas o abate – e o vírus sobrevive por um período na carne mesmo após congelamento e cocção, o que resultou no isolamento de regiões”. A expectativa é de que desapareça 30 milhões de cabeças suínas chinesas. A dinâmica interna naquele país é de que haja um aumento não só da demanda de carne mas também de farelo e milho.

Tabela de Frete – Desde que a tabela de frete apareceu, ela impôs um custo extremamente elevado sob a ótica do produto. Valor este que inviabiliza a venda com uma logística de alto custo. Uma pesquisa realizada revelou que os custos do transporte são menores e que poderia se ter uma tabela intermediária no valor praticado antes da greve dos caminhoneiros e o fixado na tabela pós-greve.
“O que aconteceu, é que alguns produtores passaram a entregar seus produtos no porto, fator que refletiu nos emplacamentos de caminhões com intuito de escoar a produção”.

No dia 04 de setembro o Supremo Tribunal Federal ‘deve’ julgar se a tabela de frete tem precificação referencial. Qualquer dos cenários movimentará o mercado de pesados, se a tabela for balizada para cima, venderá muito caminhão, caso seja julgado pela opção intermediária a economia vai rodar, mas não significa que não haverá nova greve.